Crônica da maternidade.
- Mariana Alves
- 25 de ago.
- 2 min de leitura
Vendo a Nina com 35 dias mamando no meu peito pensei, que queria que o tempo passasse pra ela já se tornar um bebê mais firme, que interage mais e fica no chão se distraindo com um móbile em cima da cabeça.
E logo veio o pensamento: tem um caminho para chegar lá e é preciso percorrê-lo.
Quantas vezes a gente quer chegar num destino, meta, sonho ou objetivo sem percorrer o caminho?! Muitas.
Seria como ir a capela de Santiago de Compostela sem fazer o caminho, sem ser o peregrino. É no caminho que a gente se transforma, em que peregrinamos sozinhos ou em bandos, duplas ou trio. Em que nos deparamos com os desafios e nos superamos indo além.
É lá no caminho que as bolhas surgem nos pés, fazendo-nos acreditar que não poderemos seguir adiante, mas com muita paciência, cuidado e um pouco de pausa, nos curamos e seguimos, nem que isso “adie” a chegada ao destino.
É no caminho que se faz os encontros, com outros peregrinos buscadores, e o principal, consigo mesmo.
Pois no caminho, mesmo que estejamos acompanhadas, se faz sozinha, é solitário.
O puerpério é assim também, pode até ter uma grande rede de apoio, mas sentirás solidão. Pois quem está percorrendo esse caminho sou eu, as pessoas ao meu redor são como os hospedeiros que recebem os peregrinos, não estão vivendo e sentindo a flor da pele o que sinto.
Por isso que é tão bom encontrar com outras mães caminhantes do puerpério, falar a mesma língua, sentir que realmente não estou sozinha nas madrugadas, e que as bolhas nos pés que doem e parecem impedir de andar, vão sarar.
Escutar de uma mãe que já avançou um tanto a mais: vai passar! Da um conforto e a força necessária para seguir em frente, mesmo que muitas vezes com pensamentos de pular partes desse caminho para chegar ao destino mais rápido.
Porém, nesse caminho de ser mãe não tem final, nem ponto de chegada, será sempre uma constante caminhada.




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