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Crônica da maternidade.

O parto é um luto. De quem eu sou e de quem eu fui. Daquele corpo ágil, frágil, contornado, da mobilidade, liberdade e tudo que eu pensava que fosse. Daquele gosto de ser quem eu sou e me colocar no mundo assim. Ou de simplesmente deitar de barriga pra cima e dormir. 

Dizem que sentirei falta desse meu barrigão, mas na verdade eu sinto falta da minha barriga lisinha, chapada e fininha, da cintura e até dos abdominais que eu não fazia por preguiça. Aí vem uma culpa. E já saquei que terei que conviver com ela, pois tudo que penso que não seja sobre amar, me traz uma sensação de errar. 

Eu poderia escrever sobre o quanto isso é mágico e belo, eu sinto e também escrevo, mas hoje o que sinto me traz esse texto. 

Tamanha complexidade de sentimentos dentro. Uma mistura de vida com morte. Luto e graça. E eu nem imaginava que isso poderia coexistir dentro de mim e ao mesmo tempo. 

Porque tem vida, muita vida, uma vida que se mexe e se move aqui dentro. E tem morte de quem eu já fui, de quem eu sou hoje e de quem eu serei, que nem sei. 

Tem desejo de nascer e ao mesmo tempo medo, muito medo de colocar para fora esse corpo que hoje me acompanha e também me pesa. Com dor ou com prazer. Magia poesia e também prosa e controvérsia. 

Ou até pode ser um nada com tudo que me resta dessa vida desconhecida que a maternidade escancara. Com beleza e alegria. Amor e tanta medicina que cura e revela o poder de tudo que me habita. 

Selvageria. 

Um milagre de vida, de uma esperma que hoje tem braços e pernas. Olhos que me olharão pelo resto da vida. E um corpo que não é meu e que logo estará andando por aí independente de mim. Esse luto ainda está cedo demais para sentir. 

Me sinto frágil e exposta, a minha força e potência serão colocadas a prova e eu terei que fazer essa travessia. Não existe outra alternativa. Nem desvios nem segunda via. Agora é o que é e o que nem sei, mas descobrirei em breve, eu sei. 


 
 
 

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